Esta semana a família, amigos e o Brasil perdeu a figura
ímpar do arquiteto famoso, no mundo inteiro, Oscar Niemeyer.
Niemeyer, permitam a minha
sinceridade, sempre me pareceu uma espécie de Sagitário tupiniquim: metade
homem, metade burro.
Ateu e comunista, sua parte homem
também me parecia ambígua. Se por um lado havia nascido com o dom da veia
arquitetônica inovadora, muitas vezes até diferenciada que o fazia desenhar
esboços de projetos megalômanos e belos, pregava uma simplicidade que talvez
fosse até motivos de elogios, não fosse seu acúmulo de certa riqueza e a sua vida
de requinte que só um capitalista sonha em vivenciar.
Morar e trabalhar em frente ao
mar de Copacabana já é um requinte bem charmoso para um comunista ateu. Afinal,
o que pensava o velho comuna ao ver o mar? Que aquilo era uma obra de engenharia
e arquitetura? Teria alguma vez pensado em quem a teria concebido, calculado,
estruturado?
Haveria um “arquiteto do universo”?
Politicamente afeito às causas comunistas tido, por militantes da esquerda, jornalistas e políticos deslumbrados, como um
humanista, um dia, ao ser interrogado por jornalistas sobre a atitude de
Fidel Castro em fuzilar milhares de Cubanos contrários ao comunismo, apenas
respondeu: “Ele (Fidel) fez o que devia fazer, e pronto!”
Esta não seria uma resposta que
daria um humanista. Um humanista jamais pensaria assim, embora não se deva
esperar melhor resposta de um comunista ateu.
Mesmo não sendo surpresa sua
teoria política e religiosa, as atitudes de Niemeyer como homem comum
surpreendia pelo despreendimento com o qual circulava por todas as vertentes políticas
e “faturava” seus projetos. Por isso não conheceu a pobreza.
Sua propalada solidariedade, ou “bondade”,
com os iguais comunas, sempre foi um pouco simbólica como a atitude de ceder um
apartamento, de luxo, a um amigo comunista para este abrigar sua família. Até
parece um pouco contraditório ( ou será de todo?) o fato de a um comunista
fracassado oferecer-se um símbolo do capitalismo: Uma propriedade de luxo.
E assim, transitando entre comunistas
e capitalistas, Niemeyer capitalizou fama, grana, bens valiosos, amigos,
admiradores, seguidores...
Enfim, pode-se dizer que viveu
intensamente os seus 104 anos e até parece que, sem querer, deixou uma lição
que ao se alhear a crenças religiosas, a dogmas, não tendo a preocupação em desagradar
à esquerda perturbadora e perseguidora, dá certa tranquilidade para viver,
livra-se de aporrinhações e vive-se muito mais.